terça-feira, 27 de outubro de 2015

existe alguma coisa irracional
que me palpita ao ver completo oposto,
que ao observá-lo me dispara a alma
em direção a um refratado fosco;
se a refração fosse reflexo avulso
de uma partícula escondida há tempos
que de mim se soltasse num mar turvo
e se turvasse em mim, no que não lembro,
mas sei que está marcada em minha carne
e que a carne só pode ser sentida
como um verso que fosse escrito a esmalte
que num toque a outro corpo se assimila;
     como um aborto que esticasse sempre
     a sobrevida do meu próprio ventre.

eu, 24.10.15

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

TURVO.

  um baque
               noite
no medo
uma pedra no peito
              sangra
como uma pedrada
centímetros
de experiência
             de medo
não, mais que o medo
             do susto
  vulto do tempo
  vulto do vulto

05/09/15

(em construção ainda, eu acho)

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

ESPERANÇA.

se dois olhos pra fora de si mesmos
veem
a fumaça a poeira ou a luz do sol refletida no concreto
não choram nem se fecham
  
  
                                    arranquei uma folha enquanto outra caía


eu vi um homem se cobrindo com a chuva
(quero ser uma árvore
descalço na terra
ter a cor do tronco da árvore da rua
e os cipós bem grandes como a barba
dele)

no outro dia no meio da cidade
procurei a sombra de um prédio
pra entender os pés dentro de um sapato

agora me amontoo nos ramos
                                  de um poste elétrico:

se a primavera se atrasar
talvez diga que
sexta-feira não é o fim da semana



09/15

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

(CONFLITO)

Tudo isso desaba como —
não sei.
essa segunda-feira vem como
uma reafirmação?
meus pés estão cansados
meus ombros estão cansados
sabem que não são o que são

Ehyeh Asher Ehyeh
Em mim não se divisa nem se perde.

dois olhos assustados atrás do basculante
se escondem.

o sorvete escorria nas tuas mãos
que risadas
alguém gritava no meio da praça
mas não nos...
o meu braço cansa segurando The General Theory of Employment, Interest and Money
palavras, palavras, palavras
o asfalto queima, um cachorro procura abrigo
veja, aquele ri de tu
e aquela que nem sabe que tu existe
e aqueles na tua casa que não sabem quem tu és
antes andávamos de mãos dadas.

noite, Elohim se esconde
num buraco mais fundo que o normal
um cururu da noite anterior
algum lodo se levanta na parede
surgem dois olhos rindo de trás do muro
se escondem.

07/15